Percurso Tátil: Uma Caminhada para o Seguimento

Hoje apresenta-se um percurso tátil que a criança pode explorar com o corpo todo e com um objeto mediador. Esta é uma atividade que tem como objetivo o desenvolvimento de competências de exploração tátil e o desenvolvimento de competências de motricidade fina/destreza manual, essenciais ao refinamento dos comportamentos exploratórios do tacto e em, última, instância à aprendizagem do braille.

O percurso foi construído com placas de cartão revestidas de diferentes materiais, que simulam diferentes texturas com que nos cruzamos no nosso dia-a-dia. Goma eva com brilhantes rugosa (areia); pedrinhas pequenas (pedrinhas); relva artificial (relva); farinha maizena dentro de tecido branco (neve). A essas placas foi ainda introduzido um caminho contínuo com veludo preto, de forma a dar a sensação tátil e visual de continuidade e de percurso, que permitirá à criança “andar” na estrada.

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Sugestões para o desenvolvimento da atividade: 

  • Comece por explorar cada placa individualmente, conversando com a criança sobre a sensação tátil que experimenta: “é rugoso, arranha nos nossos dedos, tal como a areia”, por exemplo.
  • Deixe a criança explorar livremente, apercebendo-se das dimensões da placa e de parte do percurso construído com o veludo.
  • Depois montem as placas numa sequência horizontal;
  • Revisitem o trajeto completo, descrevendo as “paisagens” táteis que atravessam ( a areia, as pedras, a relva e a neve);
  • Pode brincar com a criança, entoando a sequência das palavras táteis por memória (ou com voz grossa, ou com voz fininha, muito alto ou baixo); estará desta forma a contribuir para a memória tátil e auditiva da criança. Deixe a criança liderar a brincadeira, tape os seus olhos e é a sua vez! A criança junto das placas avalia a sua prestação. Às vezes também é divertido invertermos papéis.
  • Agora é a hora de brincar com o percurso propriamente dito, exercitando mecanismos preparatórios para a aprendizagem da escrita braille. O Terapeuta Ocupacional Marco Leão explica a importância do envolvimento dos sistemas tátil e propriocetivo para as capacidades de motricidade fina que antecedem a escrita a negro. Reitera-se a sua importância como pré-requisito para a aprendizagem do braille.

As capacidades de motricidade fina desenvolvem-se durante o brincar com atividades construtivas e que envolvam o sistema tátil (ou sentido do toque) e o sistema propriocetivo (ou sentido da consciência do corpo).

Quanto mais oportunidades a criança tem de se envolver em atividades em que use as suas mãos para explorar o ambiente e objetos, mais ela estará a desenvolver as suas capacidades manuais e de motricidade fina e consequentemente mais preparada vai estar para as exigências da escrita!

(Leão, 2019)

  • Ajude a criança a seguir com as duas mãos o percurso de veludo, uma a seguir à outra;
  • Posteriormente, brinque com a criança pedindo-lhe que utilize apenas o dedo indicador da mão esquerda, depois da direita;
  • Podem também brincar com um objeto mediador, neste caso escolhemos um carrinho. Pode ser mais difícil para a criança usar o objeto, porque terá de ter percepção do percurso com uma mão e acompanhar o movimento com o carrinho simultaneamente. Mas incentive a criança e divirtam-se! Se o carro sair do trajeto, não é grave, o processo é o mais importante e não a perfeição na execução da tarefa!
  • Incentive a criança a seguir de cima para baixo e da esquerda para a direita, conforme o caminho tátil. Use os caminhos para praticar conceitos espaciais básicos, como: acima / abaixo, início/ fim, esquerda/direita etc.

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No fim desta atividade, podem criar este mesmo percurso num pequeno livro para treinar o seguimento de novos caminhos criados. Um formato mais pequeno será mais facilitador se o seu objetivo for treinar o mecanismo de seguimento.

Também poderá utilizar fitas texturadas ou fita adesiva normal sobre papel texturado para a criança com cegueira criar os seus próprios caminhos. Veja a sugestão em detalhe da APH (aqui).

Divirtam-se a caminhar!

Bibliografia: 

Leão, M. (2019). Escrever à mão. Uma atividade multisensorial! Acesso em: https://marcoleaoto.pt/escrever-a-mao-uma-atividade-multisensorial/

 

 

“O Nabo Gigante”: Atividades de Pré-Braille

“O nabo gigante” é para nós uma história irresistível, já em 2015 nos debruçamos sobre ela:

Atividades de mediação de leitura(ver aqui);

Atividades de exploração tátil em contexto bidimensional (ver aqui).

O Nabo Gigante, um conto original russo recolhido por Alexis Tolstoi no século XIX, tem os ingredientes de um conto popular verdadeiramente hilariante, pensado para crianças com menos de 5 anos e para todos os que se iniciam no mundo da leitura. Acompanha as atribulações de um simpático casal de velhinhos nesta nova versão, enriquecida com as belíssimas ilustrações de uma premiada artista irlandesa.

(Editora Livros Horizonte)

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Hoje partilhamos novamente atividades decorrentes deste livro, porque uma das crianças que acompanhamos partilha dos interesses destes dois velhinhos. Também o nosso Santiago é apaixonado pela vida do campo e pelos animais. Acreditamos, assim, que esta narrativa é uma boa maneira de o envolver em atividades táteis, que estimulem competências de pré-braille.

Depois da leitura ou escuta da história, propomos um passeio pela própria horta da criança ou pela horta de um familiar ou vizinho. É uma boa forma de explorar diferentes legumes e perceber como crescem.

Da horta para a mesa, os legumes, mas hoje, também, atividades táteis!

Através de propostas simples, construímos as seguintes atividades táteis em plano bidimensional:

  • Segue o caminho da casa do velhinho e da velhinha até ao jardim; 

Cola um autocolante vermelho no início e fim do caminho; 

Quantas flores há no jardim? De que cores são?

Incentive a criança a realizar o seguimento desde a casinha até ao jardim. A criança deve explorar toda a superfície da folha de forma a encontrar o início das linhas braille. O adulto deve apoiar a criança para que faça um seguimento das linhas correto. 

Pode ser importante rever alguns das orientações para o seguimento e leitura braille, aqui

Há nestas orientações referência à cor, mas caso a criança não discrimine cores poderá fazer o mesmo exercício substituindo a referência da cor por texturas diversificadas. 

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  • Pinta cada parcela da horta da cor indicada.

As divisórias da horta foram feitas com papel de veludo para que a criança com cegueira ou défice visual grave  discrimine as diferentes parcelas. Na parte superior de cada parcela, a criança poderá “ler” com a ajuda do adulto o nome da cultura em braille – ervilhas, cenouras, batatas, feijões, nabos – e a indicação da cor para pintar o respectiva espaço. A actividade foi realizada com a cor porque a criança apresenta resíduo visual, caso não aconteça com a criança para qual está a planear esta actividade, poderá substituir a cor por tecidos de diferentes texturas. 

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  • O velhinho e a velhinha tinham 6 canários amarelos. 

Conta o número de canários de cada conjunto e identifica qual deles tem mais. 

Os conjuntos foram delimitados por lã em forma de círculo, os canários representados  de forma simples e com espaçamento entre si. Com esta atividade a criança estará a exercitar competências como a orientação espacial, a discriminação tátil e noções matemáticas. 

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  • O Santiago recebeu um saco de feijões dos velhinhos. Quantos feijões contas?  O Santiago deu cinco feijões à irmã. Com quantos ficou? E a irmã?

Esta atividade pressupõe a exploração ativa da criança, com situações de simulação lúdica que promovem exercícios simples de contagem e operações de subtração e soma. A criança pode abrir o saco dos feijões e manipular de forma a facilitar o exercício matemático. 

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  • Quantas cenouras foram colhidas pelo velhinho e pela velhinha? Qual a maior?

Neste exercício simples, a criança vai explorar conceitos de grandeza e contagens. 

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  • Hoje é dia de fazer sopa. 

Numa panela coloca os seguintes ingredientes (5 feijões, 1 batata, 3 cenouras)

O objectivo é que a criança faça a “leitura” tátil desta receita e brinque ao faz de conta com estes ingredientes. Estará a desenvolver competências importantes como a imaginação, as contagens e a motricidade fina.  

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E aqui temos, a base de uma bela sopa e  todos os ingredientes para um dia repleto de brincadeira!

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Fazer Jogos em Casa: Desenvolvimento Tátil

O desenvolvimento tátil acontece desde os primeiros meses da criança e vai-se desenvolvendo de forma espontânea, pela manipulação de objetos e pelas vivências do dia-a-dia, mas também pelo incentivo e orientação de adultos próximos, profissionais e famílias. A literatura descreve que o desenvolvimento tátil deve ocorrer com recurso a tarefas planificadas e organizadas e com treino.

Apesar dos poucos estudos sobre o impacto da estimulação tátil, parece aconselhável iniciar a intervenção o mais precocemente possível, de forma a ensinar competências táteis específicas e competências no domínio da percepção espacial (Withagen, A, et al., 2010).

O desenvolvimento tátil é promovido por inúmeras actividades lúdicas como tocar piano, brincar com dedoches, explorar objetos ou ler imagens táteis.

Mas muitas vezes, famílias e profissionais sentem necessidade de construir materiais que respondam de forma mais eficaz ao nível de desenvolvimento da sua criança e a um objectivo específico que esteja a ser trabalhado.

Hoje, partilhamos dois exemplos simples de materiais que podem ser construídos em casa:

 

  • Jogo de Argolas com Texturas

Materiais necessários: Caixa de cartão reciclada; rolo de papel cozinha; pratos de plástico sobremesa; papel de diferentes texturas; papel à escolha se pretender forrar.

Procedimento: Faça um orifício na superfície da caixa onde possa encaixar o rolo de papel de cozinha. Se pretender forrar o material, faça-o antes do encaixe.

Corte o centro de um prato de plástico de sobremesa em forma de círculo, de modo a obter um disco. Na superfície desse disco, cole uma argola de um material com textura, de forma a forrar o seu topo. Utilizámos as seguintes texturas: cartolina canelada; goma eva; tecido e goma eva rugosa (brilhante).

Como Jogar: Incentive a criança a colocar todos os discos no eixo central da caixa. Incentive a criança a segurar com uma mão a base do jogo e a localizar a haste de empilhamento e com a outra a encaixar a argola. Inicialmente, deixe a criança colocar as argolas aleatoriamente. Depois poderá pedir à criança para ir colocando, a seu pedido, argolas com texturas específicas.

Objetivos de Intervenção: Coordenação bimanual; Contacto/Sensibilização a diferentes materiais táteis.

 

 

  • Livrinho de Associação Texturas Iguais 

Materiais necessários: Papel braille; máquina braille; papel de diferentes texturas.

Procedimento: Escrever texto a braille (uma quadra por folha). Colar um círculo em cada folha e por baixo do mesmo colar um velcro. Fazer um círculo de cada textura em duplicado para a criança colar no velcro.

Como Jogar: Leia o livro com a criança, ajudando-a a responder aos desafios lançados em cada quadra. Para facilitar a procura tátil, coloque os círculos que a criança terá de discriminar num recipiente ao seu lado.

Objetivos de Intervenção: Coordenação bimanual; Destreza manipulativa (colar e descolar círculos; virar as páginas; encontrar velcro); Associação texturas iguais.

Procura as bolinhas

 

Onde está a bolinha

Vamos lá procurar

Esta é macia

Só tens de a encontrar

 

Aparece mais uma

Vamos lá procurar

Esta arranha nos dedos

Só tens de a encontrar!

 

Queres continuar?

Vamos lá procurar

Esta tem ondas

Só tens de a encontrar.

 

Não desistas,

Estamos quase a acabar

Esta é lisa

Só tens de a encontrar!

 

Parabéns!

Conseguiste terminar

Se gostaste volta a procurar

Só tens de as encontrar!

 

Divirtam-se!!

Referências Bibliográficas:

Withagen, Ans & Vervloed, Mathijs & Janssen, & Knoors, Harry & Verhoeven, Ludo. (2010). Tactile Functioning in Children with Blindness: A Clinical Perspective. Journal of visual impairment & blindness. 104. 43-54.

“Há um tigre no jardim”: Literacia no Jardim

Neste tempo em que estamos mais em casa, não é raro o sentimento de aborrecimento. Foi o que sentiu Nora, a principal personagem do livro “Há um tigre no jardim” de Lizzy Stewart, editora Fábula.

Ora um dia entediante exige uma solução à altura, não menor do que a dada pela avó da Nora: brincadeiras no jardim em busca de figuras improváveis, como um tigre! Haverá mesmo um tigre no jardim?

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Bem, a resposta estará na imaginação de cada um. Mas este livro, para além de um desafio à imaginação de cada um, é uma proposta à exploração do jardim enquanto local de múltiplas descobertas. E de facto um jardim é, por excelência, um local multisensorial… Vamos à descoberta?

Ver o vídeo da história “Há um Tigre no Jardim”: https://www.youtube.com/watch?v=Y7OIufeP9fk

Para a compreensão da narrativa, poderá descarregar o ficheiro”Atividades de exploração da narrativa”. Contém conjunto de perguntas sobre a história para brincar com a criança de forma divertida. Pode fazer o jogo em molde de “concurso” e jogar com outros elementos da família.

 

As nossas sugestões divertidas para explorar o jardim

Tal como a Nora aproveitem estes tempos para explorar o vosso jardim ou o espaço exterior em redor da vossa casa. Estes passeios podem ser acompanhados por adultos próximos ou outras crianças normovisuais. Não se esqueçam de utilizar uma linguagem descritiva para que a criança com cegueira ou défice visual grave recolha mais informação sobre o espaço onde se encontra. Use informação com detalhes visuais, mas que incluam também outros sentidos: cheiros, sensações, movimentos, paladar… Troquem informações sobre estes elementos e a viagem será muito mais rica!

Para guiar estes nossos passeios, pensámos em alguns instrumentos de aventura. Os mesmos poderão ser utilizados em dias distintos. Esperamos que gostem!

1. Atividade “Cores no jardim”

Construa uma placa com cartão reciclado e pequenos pedaços de tecido com cores à sua escolha. O objetivo é que as crianças procurem no jardim itens (folhas, flores, terra, paus, etc.) das cores exemplificadas na placa “Cores no jardim” . Esta atividade pode ser importante quando a criança tem visão residual e consegue percepcionar a cor. É uma chamada de atenção à beleza colorida do jardim e um incentivo para que a criança use a sua visão.

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Depois de encontrados os itens coloridos, a criança poderá pôr em cima de cada cor os elementos que encontrou na natureza,  colar ou prender com molas, por exemplo.

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2. Atividade “Contar no Jardim”

Contar pode ser divertido e envolver aventura. À semelhança da actividade anterior, podemos criar uma placa de contagens, apresentando à criança o número (a negro e a braille) e o respectivo item (elemento da natureza à escolha). O objetivo será desafiar a criança com deficiência visual grave a passear no jardim e a selecionar e recolher os itens indicados na quantidade indicada.

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No fim, incentive a criança a contar os objetos totais, a identificar o grupo de objetos com mais ou menos elementos.

3. Atividade “Elementos do meu jardim”

Construa uma placa ou saco com uma esquadria onde cola diferentes elementos do seu jardim. O objetivo é fazer uma “visita guiada” à criança pelo seu jardim, dando-lhe pistas dos locais onde pode encontrar os elementos que preparou no saco/placa.

Esta é uma forma da criança conhecer bem o seu jardim e os elementos que o constituem, para além de aumentar o conhecimento sobre elementos existentes na natureza. A criança aumentará, assim, vocabulário e conhecimento sobre o meio ambiente.

Com esta atividade, a criança terá ainda de seleccionar material sensorial semelhante. Ajude a criança a perceber a textura, a forma, a resistência, o cheiro de cada item.

É importante que a criança faça a leitura da esquadria de forma organizada (de cima para baixo, da esquerda para a direita; sequência numérica pela qual aparecem os elementos).

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No canto superior direito de cada divisória, a criança poderá colar um autocolante  cada vez que conseguir encontrar o elemento apresentado no seu jardim. Todas as crianças vão querer completar o seu quadro com todos os autocolantes! Divirtam-se e boa aventura!

4. Atividade “Memórias auditivas do meu jardim”

Já em casa, revivam a experiência, conversem sobre a mesma, revejam os vossos instrumentos de aventura.

Que sons ouviram? E se os tentassem representar, num desenho tátil?

Bom trabalho!

Jogo Tátil de Pré-Matemática

Construir jogos em casa pode revelar-se uma necessidade, na ausência de jogos no mercado que respondam aos nossos objectivos específicos e que se encontrem devidamente adaptados.

Hoje apresentamos um jogo simples para desenvolver noções matemáticas. Essencialmente prevê: contagens, reconhecimento tátil do algarismo, associação termo a termo e somas simples com concretização da operação através de símbolos táteis.

Para a construção do jogo, tivemos por base as seguintes premissas:

É através de experiências diversificadas que as crianças vão desenvolvendo o sentido de número, que diz respeito à compreensão global e flexível dos números, das operações e das suas relações.
Este processo de apropriação de sentido de número é progressivo, sendo que contar implica saber a sequência numérica, mas também fazer correspondência termo a termo.

(…)

Gradualmente surgem na criança capacidades operativas, perante problemas do quotidiano, envolvendo adições e subtrações. Também, neste caso, as crianças necessitam inicialmente de concretizar as situações numéricas (…)
A utilização de materiais diversos (cuisenaire, dados, dominós, cartões de pintas, contas de enfiamentos, etc.) favorece a construção de uma linha mental de números.

Silva, I.  (coord.)(2016)

Para a adaptação do jogo é necessário o seguinte material:

  • Goma eva;
  • Cortadores formas (círculo, estrela, coração);
  • Bases de mini velas;
  • Pequeno bloco de argolas;
  • Caneta de feltro;
  • Capa reciclada para a base (tamanho A4);
  • Máquina braille.

 

Procedimento: 

Forrar capa com goma eva vermelha. Posicionar a capa na horizontal. Colar bases de mini velas na base inferior da capa (posicionadas na horizontal em duas filas, 5 bases em cima e 5 bases em baixo no mesmo alinhamento). Colar bloco no canto superior direito da base.

O bloco deve ser preenchido com indicações consoante o nível de desenvolvimento da criança. Neste caso, colocámos os números até 10 alternados com figuras táteis diferenciadas (círculo e estrela, cortadas em goma eva com cortadores de figuras). Neste caso a criança terá de fazer o reconhecimento tátil do número e da figura tátil e colocar nas bases de vela o número correspondente dessa mesma figura. O bloco integra ainda operações simples de soma até 5. As páginas finais do bloco estão em branco para que o familiar ou educador o preencha à medida que joga com a criança e avalia o seu desempenho no jogo. As páginas em branco podem ser também interessantes para a própria criança criar exercícios para que outras pessoas/crianças joguem consigo.

Com este jogo é possível trabalhar com a criança com cegueira/défice visual grave as seguintes competências:

  1. Disciminação tátil (forma e algarismo em braille);
  2. Associação quantidade-número (até 10);
  3. Operações simples de soma (até 5).

Seguem-se algumas imagens do material para que se perceba a sua operacionalização.

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Bibliografia: 

Silva, I. (coord.) (2016). Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar. Lisboa: Editorial do Ministério da Educação e Ciência. Acesso em: https://www.dge.mec.pt/ocepe/sites/default/files/Orientacoes_Curriculares.pdf

Audiolivros: Promovendo a Literacia

Nesta altura em que temos mais tempo, ouvir uma boa história é sempre uma maneira profícua de estarmos bem acompanhados e desenvolvermos competências linguísticas. Partilhamos assim, os recursos disponibilizados pela Letra Pequena, um blogue do jornal Público sobre literatura infanto-juvenil.

São livros para escutar, mas também livros para conversar, questionar, comentar, rir… Enfim, são recursos que permitem a partilha entre famílias e tesouros preciosos na promoção da literacia.

Converse com a sua criança sobre as histórias, esgotem o assunto do livro, expandam conhecimento… E, essencialmente, passem bons momentos com estas histórias para escutar.

Livros para Escutar-page-001 - Copy

A Incrível História do Sr. Solitário
Texto, ilustração e edição: Elias Gato

As Quatro Estações
Texto: Manuela Leitão; ilustração: Catarina Correia Marques; edição: Máquina de Voar

Boa Noite!
Texto e ilustração: Pierre Pratt; edição: Orfeu Negro

Afinal o Caracol
Texto: Fernando Pessoa; ilustração: Mafalda Milhões; edição: Bichinho de Conto. (Interpretação Cristina Paiva, Andante Associação)

A Grande Viagem do Pequeno Mi
Texto: Sandro William Junqueira; ilustração: Rachel Caiano; edição: Caminho

Aqui Há Gato!
Texto: Rui Lopes; ilustração: Renata Bueno; edição: Orfeu Negro

Histórias às Cores
Texto: António Mota; ilustração: Paulo Galindro; edição: Gailivro

Era Uma Vez Uma Raiva
Texto: Blandina Franco; ilustração: José Carlos Lollo; edição: Nuvem das Letras

Medo do Quê?
Texto e ilustração: Rodrigo Abril de Abreu; edição: Editorial Presença

A Caminho de Casa
Texto: Sílvia Corrêa, ilustração: Cárcamo, edição: Edições de Janeiro

Eu Quero a Minha Cabeça!
Texto e ilustração: António Jorge Gonçalves; edição: Pato Lógico

Ao Som de Lisboa
Texto: Domingos Cruz; ilustração: Francisca Ramalho; música: Armando Teixeira; voz: Liliana Carvalho; edição: Tell a Story

A Cadeira que Queria Ser Sofá
Texto: Clovis Levi; ilustração: Ana Biscaia; edição: Lápis de Memória

O Meu Avô
Texto e ilustração: Catarina Sobral; edição: Orfeu Negro

Eu Acredito
Texto: David Machado; ilustração: Alex Gozblau; edição: Alfaguara

Se Eu Fosse Um Livro
Texto: José Jorge Letria; ilustração: André Letria; edição: Pato Lógico

O Papão no Desvão
Texto: Ana Saldanha; ilustração: Yara Kono (Prémio Nacional de Ilustração 2010); edição: Editorial Caminho

Um Dia na Praia
Ilustração: Bernardo Carvalho; edição: Planeta Tangerina

O Coração e a Garrafa
Texto e ilustração: Oliver Jeffers; tradução: Rui Lopes; edição: Orfeu Negro

A Surpresa de Handa
Texto e ilustração: Eileen Browne; tradução: José Oliveira; Edição: Editorial Caminho

Selma
Texto e ilustração: Jutta Bauer; tradução: Alberto Freire; Edição: GATAfunho – Ana Paula Faria

A Charada da Bicharada
Texto: Alice Vieira; ilustração: Madalena Matoso (Prémio Nacional de Ilustração 2008); edição: Texto Editores

O Incrível Rapaz que Comia Livros
Texto e ilustração: Oliver Jeffers; tradução: Rui Lopes; edição: Orfeu Negro

Sabes, Maria, o Pai Natal Não Existe
Texto: Rita Taborda Duarte; ilustração: Luís Henriques; edição: Editorial Caminho

Trava-Línguas
Recolha e selecção: Dulce de Souza Gonçalves; ilustração: Madalena Matoso; edição: Planeta Tangerina

Eu Espero…
Texto: Davide Cali; ilustração: Serge Bloch; edição: Bruaá

Improvérbios
Texto: João Manuel Ribeiro; ilustração: Flávia Leitão; edição: Trinta por Uma Linha

A Máquina de Fazer Asneiras
Texto: João Paulo Cotrim; ilustração: Pedro Burgos; edição: Calendário de Letras

O Mundo num Segundo
Texto: Isabel Minhós Martins; ilustração: Bernardo Carvalho; edição: Planeta Tangerina

Não Quero Usar Óculos
Texto: Carla Maia de Almeida; ilustração: André Letria; edição: Editorial Caminho

Fonte: http://projectoadamastor.org/audiolivros-para-criancas/?fbclid=IwAR2QWD7wdNJWLxkDnhCTJHs-YcbSZBIN2VM9nAqo19uYao3J3w4cupd88TY

“Bem-me-quer”: Experiências de bem querer à exploração tátil no jardim

E se fossemos espreitar o que se passa lá fora?

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O jardim pode ser um local de infinitas descobertas. Um local perfeito para a descoberta de formas, de texturas, de cheiros, de sensações… enfim uma verdadeira arca de dádivas da natureza. Hoje, sugerimos algumas experiências de bem querer à exploração tátil no jardim. Saiam de casa e boas descobertas!

  • Apanhar flores

Perceber a sua forma, o seu cheiro, conversar sobre as partes que a constituem. Cantar! Contar! Quantas são? Na mão esquerda tenho uma, na mão direita muitas! 

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E para desenvolver a destreza manual, de forma leve e delicada, vou puxando as pétalas de um malmequer, uma de cada vez, de forma sequencial, e vou entoando “bem-me-quer, mal-me-quer” … Um dia, quando me tornar leitor, usarei a mesma leveza! Sabe que para a leitura braille se exerce uma pressão de cerca de 20g?

 

  • Fazer uma sementeira de malmequeres

No jardim ou na varanda, continuamos a bem querer a exploração tátil e a destreza manual. Desta vez através duma pequena sementeira.

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Manusear uma pequena pá para colocar terra num vaso, é um trabalho que exigirá um trabalho coordenado das minhas duas mãos e braços. 

De seguida exploramos as sementes: são minúsculas, parecem areiazinhas nas minhas mãos! Colocadas na terra, colocamos uma fina camada de terra em cima, e porque não com as mãos? No fim é só regar e, para o efeito, podemos usar um pequeno pulverizador, que se adapte ao tamanho das minhas mãos pequeninas. É preciso muita força!

Se a terra estiver molhada está pronta a sementeira.

Dia a dia, incentive a  criança a regar a sementeira!O ciclo será renovado e daqui a uns meses, a criança poderá observar o crescimento dos malmequeres!

Pois é… na natureza também me torno leitor!

 

Twister Braille: Braille com movimento

No pré-escolar as crianças começam a adquirir curiosidade face à escrita. É também nesta fase que a criança contacta com as funções no uso da leitura e da escrita.

Não há hoje em dia crianças que não contactem com o código escrito e que, por isso, ao entrarem para a educação pré-escolar não tenham já algumas ideias sobre a escrita. Assim, há que tirar partido do que a criança já sabe, permitindo-lhe contactar e utilizar a leitura e a escrita com diferentes finalidades.

Silva, 2016.

Escrever o nome próprio é  uma forma da criança se sentir competente e capaz de usar uma das funções da escrita: a criança regista nos seus trabalhos o nome; vê em tabelas, capas, livros, o seu nome… O nome  traduz a identificação da criança e sua identidade!

De forma a introduzir o braille como um código convencionado para a escrita de crianças com cegueira, dinamizou-se uma actividade que procurou desenvolver o reconhecimento da primeira letra do nome de cada criança (a negro e a braille). Esta atividade permitiu desenvolver competências motoras (globais e finas) e de organização espacial.

Segue-se o descritivo da atividade: 

  1. As crianças são convidadas a selecionar a letra do seu nome (a negro) entre um conjunto de letras dispostas sobre uma mesa;

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2. Posteriormente, cada criança procura num painel, com a ajuda do adulto, a letra correspondente em braille (a mesma está identificada a negro também);

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3. A criança copia o padrão de pontos para a célula braille miniatura;

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4. À vez, cada criança será convidada a representar com o corpo a letra do seu nome, colocando mãos, pés, cabeça na célula braille disposta no chão (grandes círculos construídos em goma eva de cor roxo, amarelo, castanho, azul, verde, prateado). De salientar, que o jogo foi realizado com a mesma textura e cores diferenciadas porque as crianças com DV a quem se destinou possuem resíduo visual.

A atividade desafiou as crianças do ponto de vista motor, exigindo um planeamento para a coordenação dos movimentos necessários à reprodução do esquema de pontos de cada letra. Despertou, ainda,  a alegria e a risota por posições tão inusitadas!

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Ah, e claro, quando os adultos fazem também as suas acrobacias ainda se torna mais divertido!!

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As crianças foram ainda desafiadas a reproduzir com plasticina, a letra do seu nome em braille. Para isso, tiveram acesso a uma placa com uma esquadria com os 6 espaços da célula braille. Promoveram-se, assim, competências de motricidade fina, através de modelagem de plasticina.

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Por fim, escreveram a letra do nome na máquina braille.

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Uma actividade cheia de movimento onde se estimulou o prazer pelas convenções da escrita a negro e a braille!

 

Bibliografia: 

Silva, I. (coord.) (2016). Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar. Lisboa: Editorial do Ministério da Educação e Ciência. Acesso em: https://www.dge.mec.pt/ocepe/sites/default/files/Orientacoes_Curriculares.pdf

Bolachas em casa: Uma receita para o desenvolvimento tátil

Nesta altura em que passamos mais tempo em casa, há inúmeras atividades que se podem desenvolver com as crianças, de forma a promover as suas competências táteis. Sabemos que no caso de crianças com cegueira ou défice visual grave, mãos ágeis contribuem para a formação de bons leitores!

Hoje, destacamos a culinária e nesta área, bolachas combinam na perfeição com crianças. Por isso, “mãos à obra” ou “mãos à massa”! Prometemos uma excelente receita para o desenvolvimento tátil.

  • A confecção da receita deve ser acompanhada de uma boa conversa: ingredientes, ações, sensações são tópicos importantes para a criança desenvolver conceitos e se envolver em todo o processo.
  • A criança deve participar no processo desde o início: ao retirar os ingredientes do armário, por exemplo, a criança já estará a desenvolver  competências motoraspreensão e força (transporte de um pacote de farinha, pesado; transporte do pacote do açúcar mais leve, etc.).
  • Ajude a criança a juntar os ingredientes e perceber as suas diferentes texturas: (o açúcar granulado; a farinha macia; a manteiga mole; os ovos líquidos). Ao colocar os ingredientes na taça, a criança está a desenvolver a coordenação bimanual.
  • Misturem todos os ingredientes: Esta é parte divertida! Crianças com defesa tátil poderão sentir uma certa repulsa, mas a motivação da atividade em família poderá ser um estímulo a ultrapassarem essa barreira. Amassem, trabalhando a força. Brinquem, isolando os dedos, e fazendo buraquinhos na massa.
  • Modelem as bolachas: com cortadores, com as mãos… Façam bolachas grandes, pequenas, de diferentes formas e com decorações diversas. Sintam a textura da massa nas mãos. Apertem-na entre os dedos. Espalmem.
  • Provem muito e deliciem-se com o cheirinho na cozinha!! E não se esqueçam, a diversão é ingrediente obrigatório ao sucesso da receita. 

 

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Descrição da fotografia: Criança faz rolinho com massa, em cima de uma mesa. Tem uma touca de cozinheiro/a e um avental.

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Descrição da fotografia: Adulto posicionado atrás de criança, modela os seus movimentos ao amassar massa.

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Descrição de fotografia: Tabuleiro de bolachas redondas; mãos de criança aparecem ultimando decoração.

Caixa de Objetos: Desenvolvimento da Consciência Fonológica

“As crianças envolvem-se frequentemente em situações que implicam uma exploração lúdica da linguagem, demonstrando prazer em lidar com as palavras, inventar sons, e descobrir as suas relações” (Silva, 2016). Sabe-se que a aprendizagem da linguagem oral e escrita deve constituir “um processo de apropriação contínuo que se começa a desenvolver muito precocemente e não somente quando existe o ensino formal” (ibidem.). A consciência fonológica é um domínio que não deverá ser esquecido neste “processo de apropriação contínuo”.

A consciência fonológica é a capacidade para, conscientemente, refletir sobre as subunidades fonológicas que compõem as palavras e as frases – as sílabas, ataques/rimas e sons – permitindo uma reflexão sobre a estrutura fonológica da linguagem oral, independente do seu significado (Fitzpatrick, 1997; Hester & Hodson, 2009).

Com uma caixa misteriosa e uma banca de objetos, brincámos com palavras que rimam!

As crianças foram desafiadas a descobrir os sons escondidos na caixa! Como? Seleccionavam através do tacto um dos objectos da caixa, nomeavam o seu nome, e posteriormente seleccionavam outro da banca de objetos cujo nome rimasse com o primeiro.

Argola-Bola; 

Caneca – Boneca; 

Balão – Coração; 

Grão – Feijão;

etc.

Esta é uma atividade simples que poderá complementar outros jogos orais. Esta estratégia com o objeto concreto poderá substituir atividades com imagens que não seriam acessíveis à criança com défice visual grave ou cegueira.

Com estes objetos e esta caixa cheia de sons e sensações, todos puderam jogar sem restrições!

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Bibliografia: 

Silva, I. (coord.) (2016). Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar. Lisboa: Editorial do Ministério da Educação e Ciência. Acesso em: https://www.dge.mec.pt/ocepe/sites/default/files/Orientacoes_Curriculares.pdf

Fitzpatrick, J. (1997). Phonemic awareness. Playing with sounds to strengthen beginning reading skills. Creative Teaching Press, Inc.: Cypress, CA.

Hester, E. & Hodson, B. (2009). Metaphonological awareness: enhancing literacy skills. em Rhyner, P. (Eds) Emergent literacy and language development. Promoting learning in early childhood. Nova Iorque: The Guilford Press. pp. 78-103.

Curso “A criança com cegueira dos 0-6 anos”

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Divulgamos o curso “A criança com cegueira dos 0-6 anos”:

 

DETALHES DO CURSO:

FORMADORAS:
» Inês Marques (1)
» Patrícia Valério (2)
» Viviana Ferreira (3)

(1) Mestre em Ciências da Educação na área de especialização em Educação Social e Intervenção Comunitária é Educadora Social da equipa técnica do Centro de Apoio à Intervenção Precoce na Deficiência Visual (CAIPDV / ANIP) desde 2009. Integra o Projeto OLEC (Oficina de Literacia Emergente para a Cegueira) desde 2014.

(2) Assistente Social da equipa técnica do Centro de Apoio à Intervenção Precoce na Deficiência Visual (CAIPDV / ANIP) desde 2009. Integra o Projeto OLEC (Oficina de Literacia Emergente para a Cegueira) desde 2014.

(3) Mestre em Psicologia do Desenvolvimento e detentora de formação profissional e académica em áreas diversificadas e experiência profissional na área da Intervenção Precoce e da Deficiência Visual. Diretora Técnica do Centro de Apoio à Intervenção Precoce na Deficiência Visual (ANIP-Associação Nacional de Intervenção Precoce).

DATAS: 17 e 18 – maio – 2019
DURAÇÃO: 15 horas
HORÁRIO:
09h30 – 13h | 14h – 18h00 > 6ª-feira
09h00 – 13h | 14h – 17h30 > sábado

LOCAL: Sala de Formação da ANIP – Praceta Pe. José Anchieta, Lote 5, R/ch, Fração C, 3000-319 COIMBRA
Coordenadas GPS: 40º21’65.546”N | 8º42’37.047”W

DESTINATÁRIOS:
Docentes de educação pré-escolar/educadores de infância, docentes de educação especial e do ensino básico e outros a exercerem funções na área da deficiência visual ou com interesse na temática, pais e familiares de crianças com DV.

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INSCRIÇÕES & INFORMAÇÕES: formacao@anip.net
> Associados da ANIP – 65€
> Não Associados – 80€
Desconto de 5% para Grupos de 2 ou mais profissionais.

INSCRIÇÕES LIMITADAS a 25 formandos.
Data limite de inscrição: 10 – maio – 2019
Critérios de seleção: Número de ordem de receção da inscrição.
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INTRODUÇÃO:
As crianças com diagnóstico de cegueira integram muitas especificidades ao nível do seu desenvolvimento e aprendizagem, motivadas por um contexto percetivo diferenciado e uma maneira díspar de compreender o mundo e integrar novas aprendizagens.

Considerando o sistema educativo vigente, que privilegia o modelo inclusivo, urge ver garantidos os direitos e todas as oportunidades de aprendizagem de crianças com cegueira. No entanto, existe uma grande lacuna ao nível da formação e informação de profissionais e famílias. Acresce, ainda, o facto de estas crianças terem um outro código de leitura e escrita diferenciado – o braille. Estes profissionais contestam, frequentemente, a ausência de informação sobre a didática do braille e de materiais que possam apoiar o ensino deste código.

Face ao exposto, é premente realizar a ação de formação “A Criança com Cegueira dos 0 aos 6 anos”, de modo a colmatar as necessidades de formação sentidas pelos profissionais e famílias que são responsáveis pela educação, participação e plena cidadania destas crianças.

OBJETIVO GERAL:
Dotar os formandos de conhecimentos e competências essenciais para o desenvolvimento da intervenção com crianças com cegueira na faixa etária dos 0 aos 6 anos, para dar resposta às suas especificidades educativas.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
– Conhecer as implicações da cegueira no desenvolvimento da criança;
– Conhecer os instrumentos de avaliação disponíveis para a avaliação da criança com cegueira;
– Conhecer estratégias de intervenção a desenvolver com a criança com cegueira;
– Conceber adaptações específicas considerando o contexto percetivo da criança com cegueira.

CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS:
Módulo I: Cegueira: números e causas
Módulo II: A criança para além da cegueira: a individualidade da criança e o seu contexto percetivo
Módulo III: O desenvolvimento da criança com cegueira
Módulo IV: Avaliação e intervenção
Módulo V: Estratégias de intervenção
Módulo VI: Adaptação de materiais de apoio à Literacia Emergente

METODOLOGIAS DE FORMAÇÃO E AVALIAÇÃO:
Privilegiar-se-á o uso de metodologias participativas e dinâmicas que valorizem a aprendizagem e o desenvolvimento pessoal: método interativo e expositivo. Para tal recorrer-se-á, ao visionamento de vídeos, diapositivos e fotos, que servirão para a análise e discussão de casos pelos formandos.
Pretende-se com esta metodologia criar um espaço que privilegie: a partilha de conhecimentos, experiências e ideias, a reflexão e readequação de formas de atuação, a análise e discussão de casos e as dinâmicas de grupos.
A avaliação da formação será contínua, tendo por base os seguintes critérios: participação, motivação, espírito crítico, assiduidade, pontualidade, exercícios práticos realizados em grupo e/ou individualmente, entre outros.

INSCREVA-SE!

“Sonho de neve”

Hoje partilhamos o resultado da mediação da leitura de “Sonho de Neve”, de Eric Carle (Editora Kalandraka). A leitura aconteceu por altura do Natal e retrata um pouco esta estação do ano e a época natalícia.

Numa pequena quinta vivia um agricultor. Ele tinha tão poucos animais que até os conseguia contar
pelos dedos de uma mão. Então, o agricultor chamou
aos seus animais Um, Dois, Três, Quatro e Cinco.
Atrás do celeiro havia uma pequena árvore.
O agricultor chamou-lhe Árvore…

(excerto “Sonho de Neve”, Eric Carle, Editora Kalandraka)

“Sonho de Neve” conta a história de um agricultor que tinha 5 animais, dos quais cuidava muito bem. Este é o mote perfeito para desenvolver as contagens e  a ordenação temporal das unidades da fala que se representa na escrita – da esquerda para a direita, de cima para baixo.

Para a mediação da leitura foram utilizados os seguintes recursos:

  • Livro original e caixa de histórias com os principais elementos (estábulo com os animais em miniatura; manto branco, simulando a neve, e a árvore);

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Recursos utilizados após a leitura: 

O estábulo da história apresenta-se numa linha horizontal que funciona como treino lúdico da pré-leitura: cavalo, vaca, ovelha, porco, galo. Assim, criámos um estábulo em cartão, com as respectivas casas dos animais. Este recurso permite exercícios de discriminação tátil dos animais e  jogos de orientação espacial e ordenação numérica:

  • coloca os animais pela ordem em que aparecem na história;
  • coloca o cavalo na casa 2;
  • coloca a vaca na casa mais à esquerda;
  • coloca o galo na casa mais à direita;
  • coloca a ovelha na casa do meio;
  • etc.

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As atividades incluem também a representação do estábulo bidimensional. Este instrumento permite à criança contar as casas do celeiro e orientar os animais nas devidas posições; para além disso, introduz o número (em braille e a negro).

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  • A história permite ainda trabalhar com os “pontos braille”. Brincámos com a criança com as posições dos animais associados ao número de células braille correspondente:

-cavalo, primeiro animal do estábulo, a criança coloca-o em cima de uma célula braille;

– vaca, segundo animal do estábulo, a criança coloca-a em cima de duas células braille;

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  • A criança pode ainda treinar o seguimento, percorrendo caminhos onde tem de encontar os animais. Na figura abaixo, a criança segue o caminho e tem de parar sempre que encontra uma “vaca” (codificada com uma célula braille completa).

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Aconselhamos vivamente a leitura da história, pela riqueza pedagógica que imprime e pela riqueza sensorial – algumas pistas:

  • a neve – é fria, que barulho faz quando a pisamos?
  • o chá – que cheiro, que sabor, que temperatura?
  • o pão com mel – que cheiro, que sabor, doce, salgado?
  • as barbas do agricultor – picam? não picam? são de que cor?
  • as roupas do inverno – quentes, frias, confortáveis?

Nos contextos onde desenvolvemos a leitura desta história, as atividades acabaram sempre em partilha: com um copo de chá de hortelã-pimenta e um pedaço de pão com mel!

Boas leituras.

Desafio: Leitura em voz alta

Caros pais, amigos e leitores!

Na Oficina de Literacia Emergente para a Cegueira temos proclamado, em voz bem alta, a importância da leitura para o processo de Literacia de crianças com cegueira.
No próximo dia 01 de Fevereiro comemora-se o dia da Leitura em Voz Alta e queríamos muito que as famílias que acompanhamos o marcassem com a sua voz.
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Descrição da fotografia: Cartaz Dia Mundial da Leitura em Voz Alta PNL2027 – figura feminina segura em megafone feito de livros.

DESAFIO:
Ciclo de leitura em voz alta de pais para filhos (crianças com cegueira), a decorrer no dia 1 de fevereiro entre as 17h e as 22h.
– É muito simples: só têm de ler para o/a vosso/a filho/a o poema que seleccionámos para vós. Não vai ocupar-vos mais de 5 minutos. O poema chegar-vos-à via CTT, em breve.
– Registo do momento em vídeo ou áudio, em formato MP3, para divulgação de participação ao PNL2027. Envio do vídeo da leitura para caipdv@gmail.com.
O poema eleito:
Participem!!
Aguardamos com expectativa pelas vossas vozes!

 

A preparar um belo repasto

Estamos a preparar um belo repasto, para levar até ao jardim-de-infância de uma das nossas crianças! Será um repasto mediado pelo  livro tátil ilustrado “O repasto da Raposa” (Original “Le Repas de Renard”, de Claudette Kraemer, com base num texto de Anne-Marie Chapouton e ilustrações de Solène Négrerie – Editora Les Doigts qui Rêvent).  Estamos certas que será mais um momento cativante em que partilhamos à volta de um livro.

“O repasto da raposa” é a história de uma raposa de pelo macio e de cinco galinhas (representadas por penas). A raposa é representada pela forma de um triângulo, que vai engordando à medida que aumenta a sua gulodice, e as galinhas vão desaparecendo, comidas uma após a outra. Mas as galinhas não vão desistir e com brio e astúcia, libertam-se no fim.

Este livro é uma boa introdução a competências numéricas (contagem crescente, contagem decrescente, somas e subtracções simples).

No nosso “cesto de piquenique” para esta história que vamos partilhar com crianças da zona centro do país, vamos levar: 

  • Livro tátil ilustrado (braille, ilustrações hápticas, texto a negro e ilustrações visuais)
  • Representação das galinhas e da raposa, organizadas numa caixa de ovos, pela sequência numérica da célula braille (bolas de ping pong caracterizadas com penas – galinhas-  e rabo de pêlo – raposa).

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  • Jogo da Glória (por referência à narrativa da história)

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  • Um galinheiro com ovos (para tornar mais aliciantes as primeiras contagens e somas e subtracções simples)

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  • Fichas de trabalho pré-braille (para o desenvolvimento de competências de seguimento, discriminação tátil de intrusos, associação de composições braille iguais, descodificação icónica)

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Até breve! Contamos partilhar mais deste nosso belo repasto!

Calendário do Advento

A época natalícia pode ser mais um momento para desenvolver competências de pré-leitura e escrita e a sequência de números em braille… Há inúmeras possibilidades mas, hoje, apresentamos as potencialidades dos calendários do advento.

O Braille pode ser adicionado aos calendários do advento disponíveis no mercado, de forma a facilitar a adaptação. As crianças adoram descobrir a surpresa a cada dia, para além disso reforçam noções temporais importantes. Consideramos que o sistema de caixinhas é interessante pelo aspecto surpresa que imprime e por motivar para as questões manipulativas.

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Descrição da ilustração: Calendário do advento, sistema de caixas.

Eis algumas dicas na sua utilização com a criança:

  1. Estimule o interesse da criança e a sua curiosidade, a cada dia;
  2. Coopere com a criança no seguimento tátil de cada uma das caixas. A criança deve tocar em cada uma das caixas da esquerda para a direita e de cima para baixo;
  3. Peça à criança  que combine cartões numéricos por si elaborados com o número presente em cada uma das caixinhas;
  4. Misture os números e peça à criança que os coloque na ordem correta (se a criança já discriminar tatilmente alguns dos números);
  5. Conte, cada dia, os números com a criança até chegar ao dia presente.

 

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Adaptação do calendário do advento. Apresentação do número a negro e a braille e de um elemento tátil diferenciado em cada dia (bolas de natal, pinha, eucalipto, sino, coração, pinha, canela, etc.)

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Adaptação de calendário do advento. Apresentação do número em braille (missangas). Dentro das caixas há surpresas diversas.

 

Adaptado de: http://www.pathstoliteracy.org/resources/accessible-advent-calendars

Ler livros favoritos

É bom ler os livros favoritos juntos muitas vezes. A repetição ajuda as crianças a entenderem e a compreenderem a linguagem que ouvem.

Lembre-se que não está a ensinar o seu filho a ler. Aprende-se a falar muito antes de se aprender a ler …e partilhar leituras é uma maneira óptima de ajudar o seu filho a desenvolver a linguagem.

Aí em casa, qual o vosso livro favorito? Toca a ler e a reler… e a conversar, muito!

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Descrição da ilustração: Adulto lê para criança (Ilustração de Gemma Driessen)

 

Fonte: Nacional Literacy Trust; Talk To Your Baby

Vamos à caça ao urso?

É sempre tempo para irmos à caça ao urso e é tão bom recordar as nossas “caçadas”! Hoje, para partilhar com os nossos leitores, o trabalho realizado a partir do clássico de Michael Rosen “Vamos à caça ao urso?”

Está um belo dia, e eles vão dizendo que não têm medo, enquanto atravessam um campo de erva alta e ondulante, cruzam um rio fundo e frio, arrastam-se através da lama pegajosa, procuram o caminho pelo meio de uma floresta, passam através de um nevão que rodopia e entram pé-ante-pé numa caverna soturna. Aqui, na escuridão, tudo parece diferente… E qual é a coisa temível que aparece diante deles?

Leiam e descubram!

Para a mediação da leitura desta história e posterior trabalho pedagógico, preparámos:

  • Um percurso sensorial, onde a criança pode explorar sensações similares às dos cenários apresentados na história. 

Aqui podem ser discutidas as características dos locais descritos e todas as sensações e emoções que nos transmitem: frio, calor, cócegas, arranhar, molhado, seco, ruídos, emoções…

Enquanto se lê a história, a criança pode executar as acções, fingindo atravessar o campo de erva, a floresta, o nevão, cruzar o rio e a lama pegajosa, avançando até à caverna… A dinâmica criada a partir da narrativa e a vivência gerada pelo percurso, estimulam a criança a “entrar na história”, promovendo a imaginação e a apreensão da narrativa. A componente motora é também estimulada, tendo a criança que se orientar através do percurso e caminhar sobre um conjunto de “pisos” muito diversificados.

 

  •   Jogo de conceitos posicionais

Após a leitura e a realização do percurso, personagens e cenários poderão ser o mote para a aventura prosseguir… O adulto poderá dar à criança um urso em miniatura e um tabuleiro e a criança terá de o posicionar consoante as indicações do adulto: à esquerda, à direita, no meio, em baixo, em cima.

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  • Jogo de associação de texturas

Continuando pelos “mundos” da história, apresenta-se à criança um jogo de texturas muito especial, uma vez que evoca os cenários e personagens da história.

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Todas as actividades contribuem para que a criança desenvolva competências linguísticas, relacionadas com o desenvolvimento de conceitos e aprendizagem de novo vocabulário. O facto da história ser ritmada e repetitiva contribui para o envolvimento da criança, para a compreensão da narrativa e respectivo reconto.

Com esta atividade, a componente tátil não fica esquecida. Todas as atividades contribuem para o desenvolvimento dos movimentos corporais, organização espacial e percepção tátil.

Rendidos? Agora é a vossa vez…Toca a caçar!

Sugestão: “Dar a ouvir paisagens sonoras da cidade”

A não perder: “Dar a ouvir paisagens sonoras da cidade”, um conjunto de exposições com lugar no Convento de São Francisco em Coimbra, até ao próximo dia 02 de Setembro.

Este programa, com entrada livre, visa dar a conhecer a Cidade a partir de uma perspectiva audível: das suas paisagens sonoras.

Procura sensibilizar para a escuta e para o som como possibilidade de descoberta e conhecimento, enquanto objecto criativo e de cruzamento disciplinar, numa abordagem em que os sentidos e os saberes se complementam.

Neste programa não ficámos indiferentes à criação artística de Rudolfo Quintas. Em DARKLESS: The Black Hole o público imerge numa instalação audiovisual interativa, cuja composição explora a ideia do buraco negro como um espaço de expressão artística. A composição desta instalação é inspirada no trabalho que o artista desenvolve sobre a expansão criativa do corpo e da realidade em pessoas cegas, mapeando o movimento do corpo através do som.

Para movimentar, dançar e escutar as notas musicais produzidas pelo corpo em movimento.

A não perder!

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Estratégias promotoras do desenvolvimento linguístico

No último post abordámos alguns aspetos relacionados com o desenvolvimento linguístico de crianças com cegueira. Hoje apresentamos de forma muito sumária algumas estratégias a considerar tendo em vista a promoção do desenvolvimento da linguagem.

Algumas estratégias para as primeiras idades

  • O tom de voz e a entoação são extremamente importantes
  • Afeto, toque e interações positivas
  • Repetição das produções orais da criança (sons, sílabas)
  • Dar significado às produções da criança
  • Antecipar/avisar que lhe vai tocar, para não surgir de surpresa
  • Sempre que se dirige à criança, dizer o seu nome
  • Ajudá-la a perceber o ‘eu’ e o ‘tu’
  • Dar tempo de resposta; ‘tomar a vez’
  • A criação de rotinas e a repetição
  • Descrição verbal
  • Experienciação/vivência corporal
  • O conhecimento sensorial é preponderante
  • Promover a curiosidade da criança
  • Ajudar ao reconhecimento da funcionalidade dos objetos da vida diária
  • Desenvolvimento do jogo simbólico
  • Ler histórias
  • Tato ativo/háptico.

Algumas atividades que desenvolvemos pelos contextos naturais promotoras do desenvolvimento da linguagem:

  • Experiências reais
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Descrição da fotografia: Crianças realizam processo de sementeira. Conversa sobre todos os passos deste processo a par da experiência real. 

  • Jogo simbólico 
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Descrição da fotografia: Criança dá banho a uma boneca. 

  • Leitura de histórias 
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Descrição fotografia: Criança reconta a história ” A lagartinha muito comilona” de Eric Carle, assumindo o protagonismo da narrativa. 

  • Diálogo
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Descrição da fotografia: Crianças conversam informalmente. 

Linguagem na Cegueira – Parte II

As primeiras idades

A interação social, o desenvolvimento do ‘eu’ e a comunicação inicial desenvolvem-se nas primeiras idades.

Inicialmente, a comunicação constrói-se na interação com o adulto e baseia-se nas ações do bebé para manter o contacto, tais como o riso, o movimento, o contacto físico e as vocalizações.

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Descrição da fotografia: Momento de interacção entre adulto e bebé (bebé deitado sobre os braços do adulto; adulto canta-lhe, aproximando-se do rosto; bebé sorri mostrando agrado na proximidade, voz e toque)

Nos bebés com cegueira, as primeiras interações comunicativas caracterizam-se pela ausência de contacto visual (que poderia transmitir informação crucial para a relação/interação), pela ausência de referente visual daquilo que os rodeia (objetos, pessoas), por um protagonismo do adulto nas interações e por uma necessidade de contacto físico permanente. Consequentemente, pela ausência da informação visual, o bebé com cegueira foca-se muito mais nas pistas auditivas, táteis, cinestésicas, olfativas, etc. Estes bebés tendem a iniciar menos interações e ficam ‘à escuta’ (às vezes até viram a cara para o lado para ouvir melhor). Este ‘silêncio’, juntamente com a inexistência de contacto ocular, pode ser mal interpretado como desinteresse do bebé, provocando menos interações por parte dos adultos.

É conhecido que as mães/pais de crianças com cegueira tendem a falar mais, a descrever tudo o que está à sua volta, a usar mais instruções compostas por descrições do que as mães de crianças normovisuais. Desta forma, os bebés começam a reconhecer os adultos à sua volta pelo reconhecimento da sua voz, pelo cheiro e pelo toque.

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Descrição da fotografia: Momento de brincadeira entre adulto e bebé (bebé alcança bola sonora à sua frente. Adulto reforça o comportamento do bebé, elogiando-o, sorrindo e batendo palmas).

Fase pré-verbal/balbucio

Segundo a literatura, não parece haver diferenças significativas nesta fase quando comparado com crianças normovisuais. Porém, por ser muito prazeroso, este período pode persistir por mais tempo nos bebés com cegueira. O facto de estes bebés não verem os movimentos labiais da boca dos adultos que lhes falam pode inibir que facilmente eles imitem sons labiais/ bilabiais (como os sons /m, p, b, f, v/).

Vocabulário

Sendo certo que a visão transmite grande parte da informação para aprender nomes e significados, assim como informações físicas do ambiente, tais como a forma, o movimento, a localização/posicionamento, o ritmo, etc., nas crianças com cegueira essa informação tem de ser transmitida necessariamente pelos adultos que as rodeiam.

A linguagem assume, assim, um papel compensatório crucial para o desenvolvimento das crianças com cegueira.

Assim, segundo o que nos indicam vários autores, não parece haver diferenças no aparecimento das primeiras vocalizações e primeiras palavras. Porém, pode haver diferenças quanto à utilização das mesmas: uso de mais nomes específicos; uso de mais palavras de ação; e uso de menos nomes gerais. Pode surgir dificuldade em generalizar uma palavra de determinada categoria (ex: cão-peluche), devido ao facto de terem experiências restritas, e normalmente estas crianças fazem mais perguntas quando falam de objetos familiares (como forma de compensar a falta de informação ‘visual’).

Estruturação de frases, formação de palavras e sons

No que diz respeito à componente morfossintática/estruturação frásica e formação de palavras, os estudos não indicam atrasos no desenvolvimento relativamente aos pares normovisuais, contudo podem surgir diferenças qualitativas na forma como são usadas. Devido às questões com o desenvolvimento do ‘eu’, pode surgir atraso na utilização de pronomes e erros reversos na utilização daa 1ª e 2ª pessoas (eu – tu).

Apesar de não existirem muitos estudos, também não parecem ser identificadas alterações articulatórias relevantes. No entanto, regra geral, os primeiros fonemas a surgirem são de produção cujo ponto de articulação não é observável (palatais, dentais, etc.), contrário às crianças normovisuais, que adquirem primeiro sons bilabiais.

Em conclusão, nas crianças com cegueira podem surgir algumas dificuldades nas primeiras interações, comunicação e na aquisição da linguagem, no entanto elas conseguem desenvolver formas alternativas de interagirem socialmente e de comunicarem. A linguagem reveste-se de grande importância, tendo um grande impacto no desenvolvimento e no conhecimento do mundo por parte das crianças com cegueira, assumindo quase o papel de “substituição” da visão.

Não perca no próximo post algumas estratégias para promover o desenvolvimento linguístico em crianças com cegueira. 

Até breve!

Poemas para escutar

Em jeito de pedido à Primavera para ficar, divulgamos mais um recurso para quem gosta de escutar  poesia.

https://www.publico.pt/2018/03/20/video/poemas-para-as-quatro-estacoes-20180319-162253

As autoras de Poemas para as Quatro Estações, Manuela Leitão e Catarina Correia Marques, (ed. Máquina de Voar) dão a voz a alguns destes poemas…e o resultado é digno da vossa escuta.

Boa viagem!

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Descrição da ilustração (de Catarina Correia Marques): comboio sobre ponte 

 

Seminário “Literacia Braille no Século XXI”, a 4 de Janeiro de 2018

Para começar o ano a refletir sobre o papel do braille na atualidade, está a ser organizado um seminário que passamos a divulgar:

“Literacia Braille no Século XXI”, a decorrer na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Instituto Politécnico de Leiria, no próximo dia 4 de janeiro de 2018. Os objetivos deste seminário são:
– Assinalar o dia mundial do braille 2018;
– Promover a reflexão sobre o ensino/aprendizagem do braille e suas grafias; e
– Refletir sobre a importância do braille na construção da identidade das pessoas cegas e com baixa visão.

Para aceder ao programa e realizar inscrição, consulte a página do INR, aqui.

Descarregar programa em pdf, Programa_Seminario_Braille.

A ANIP – CAIPDV estarão representadas neste seminário com uma comunicação que dará destaque à experiência de trabalho da equipa na promoção da literacia de crianças com cegueira, na faixa etária da intervenção precoce. Destacar-se-á, inevitavelmente, o papel da Oficina de Literacia Emergente para Crianças com Cegueira.

“O que vês, o que vejo…”, álbum tátil ilustrado em versão audio

Muitos são aqueles/as que nos têm solicitado o álbum tátil ilustrado “O que vês, o que vejo…”, infelizmente não conseguimos satisfazer todos os interessados/as pelo número limitado de edições deste livro (100 exemplares) que, felizmente, o que é  paradoxal, esgotou rapidamente. Entretanto, trabalhamos para angariar financiamento para a reedição deste livro e, quem sabe, editar outros títulos.

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Descrição da fotografia: Capa do Livro “O que vês, o que vejo…” (edição ANIP, texto Inês Marques, Ilustração Madalena Moniz).

A presente publicação tem como intuito dar a conhecer a versão audio deste livro, um projeto que teve a preciosa colaboração da Câmara Municipal de Coimbra, Serviço de Leitura Especial para Deficientes Visuais, da Biblioteca Municipal de Coimbra. A leitura foi realizada por Maria José Pessoa com o  apoio técnico de Emanuel Laça.

À Câmara Municipal de Coimbra, na entidade do Serviço de Leitura Especial para Deficientes Visuais, da Biblioteca Municipal de Coimbra, muito agradecemos. 

 

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Para aceder às versões audio, clique abaixo:

  1. Ficha Técnica e Sinopse “O que vês, o que Vejo…”
  2. Texto “O que vês, o que vejo…”
  3. Conclusão, agradecimentos, segurança.

Boa escuta! Deixe-se levar pela pluralidade das sensações, pela riqueza do diverso… Temos a certeza que será um óptimo ENCONTRO!

Bases para a Literacia: 3) Ouvir histórias independentes de imagens e experiências visuais

Crianças  com cegueira beneficiam da leitura em voz alta, a mesma  traduz-se em escutar uma narrativa que seja independente de imagens e experiências visuais . O momento em que a criança escuta uma história  é um momento de partilha e de atenção individualizada que a criança, geralmente, aprecia. Em simultâneo, a criança reforça a linguagem e desenvolvimento de conceitos, e trabalha competências de atenção, memória e imaginação.

Para que a experiência seja agradável e significativa, considere os seguintes aspetos:

  •  Ler um livro com uma criança pequena deve ser divertido tanto para o adulto e criança.
  • Escolha um livro que se relaciona com as experiências da própria da criança ou procure elementos que ajudem a criança a situar a narrativa nas suas experiências.
  • É importante que a história seja rica em descrições e, ao mesmo tempo, cativante em termos de sonoridade e ritmo.
  • Utilize diferentes tons de voz e efeitos sonoros. Seja expressivo do ponto de vista corporal e sonoro.
  • Introduza fórmulas que sejam um convite à repetição em voz alta e envolvam a criança.

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Ilustração de Maurice Sendak, em “Urso Pequeno”.

 

Bases para a Literacia: 2) Desenvolver competências linguísticas relevantes

A linguagem constitui um dos principais veículos de aprendizagem da criança com cegueira. Os conhecimentos adquiridos pela criança são, em grande parte, veiculados pela linguagem, já que a ausência de visão restringe a aprendizagem incidental e todas as dinâmicas de interação dependentes da visão.

Apresentamos, aqui, alguns dos aspetos que consideramos essenciais para o desenvolvimento comunicativo e linguístico da criança com cegueira:

  • Relações privilegiadas do recém-nascido com os principais prestadores de cuidados: Uma situação de cegueira poderá condicionar o recém-nascido na interação social com os principais prestadores de cuidados (Hatwell, 2003) e, por isso, os pais deverão investir no toque e no diálogo com o bebé.
  • Descrever todas as situações, gestos, expressões e ambientes  para que a criança apreenda o seu  meio envolvente.
  • Utilizar as experiências de vida da criança: São as experiências vivenciadas pela criança que vão permitir que se aproprie do seu contexto (Castellano, 2000). Nestas vivências, a criança deverá ter um “mediador” que lhe explique tudo o que toca e vivencia. Experiências significativas e de qualidade enriquecem o vocabulário compreendido e utilizado no discurso da criança (Koenig & Holbrook, 2002).
  • Explorar e experimentar objetos e atividades nas suas múltiplas dimensões: Quanto mais um conceito é abordado, nas suas diversas dimensões, maior e melhor se torna a sua compreensão (Rigolet, 1998). No caso de crianças com cegueira é fundamental a área do desenvolvimento de conceitos, sendo essencial que a criança perceba todas as suas dimensões. As experiências prévias e concretas ajudarão a criança a fazer a ligação com o que se verbaliza.

Um exemplo com Compota de Manzana, de Klaas Verplancke:

Explicar à criança como se faz uma compota de maça poderá ser uma experiência riquíssima ao nível da formação de conceitos e do desenvolvimento da linguagem. A experiência poderá começar no jardim com a apanha das maçãs da macieira (a árvore que dá as maças), que é tão alta, tão alta que só às cavalitas do pai as conseguimos alcançar…

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Na cozinha podemos conversar sobre as maçãs: a sua forma, cor, textura, cheiro… A criança poderá perceber que cortando a maça a mesma adquire novas formas …

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Na panela ao lume, a maçã transforma-se na compota juntamente com outros ingredientes. E, claro, podemos provar, diretamente da panela, e a criança apercebe-se de como está quente e como o cozimento alterou a textura da maça crua.

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No fim, poderá ser interessante ouvir uma história em voz alta ou explorar um álbum tátil ilustrado sobre a experiência prévia da criança. Em alternativa, podem, também, construir a vossa própria história recorrendo a objetos reais ou figuras representativas com texturas.

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Boas conversas, boas experiências e boas leituras!

 

Mais informações sobre este tema em: 

http://www.familyconnect.org/info/browse-by-age/infants-and-toddlers/growth-and-development-iandt/helping-your-baby-develop-language/1235

http://www.familyconnect.org/info/browse-by-age/infants-and-toddlers/growth-and-development-iandt/toddlers-language-development/1235

Afetos e Literacia Emergente

Hoje tivemos um dia em cheio num jardim-de-infância. Um dia bem docinho, cheio de abracinhos, e muitos beijinhos… Tudo para celebrar os afetos, o amor, a amizade e tudo aquilo que cada um, e cada criança, entende como o Dia dos Namorados.

Como já é habitual levámos uma história: Caracol e Caracola (OQO Editora), adaptada pela equipa OLEC. A história de um Caracol que se sente escuro e sem brilho até que a Caracola lhe diz que ele é bonito. Com os seus pauzinhos ao sol, anda que anda, fala que fala, descobrem juntos aquilo que significa a amizade. Uma história repleta de ternura, que todos apreciámos!

Num artigo futuro, abordaremos o processo de construção das ilustrações táteis. Para já, algumas fotografias que retratam a exploração da história no jardim-de-infância.

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No final da história, modelamos plasticina e construímos Caracóis e Caracolas e, claro, corações.

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Neste dia, tivemos, ainda, a oportunidade de conhecer uma interessante ferramenta de trabalho para desenvolver a acuidade tátil, seguimento de linhas, posicionamento das mãos, entre outras competências, concebida e realizada pela Professora Alice Liberto (Especializada no domínio da Visão – Agrupamento de Escolas Grão Vasco de Viseu).

Um livrinho cheio de surpresas… só desvendadas por dedos curiosos, dispostos a deslizar e seguir… Mas para entrar nesta fantástica aventura é preciso bater à porta, ou tocar à campainha…”Truz, truz”, “Posso entrar?”… Destrancamos a porta com a chave do coração e… páginas e páginas de surpresas coloridas, com relevos positivos e negativos. Surpresas que aguçam a vontade de seguir e a imaginação.

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Algumas das páginas deste livrinho:

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Caros leitores, afetos e literacia emergente combinam muito bem! Que este namoro seja todos os dias.

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Bases para a Literacia: 1)Desenvolver competências motoras globais

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O artigo de hoje abordará a necessidade da criança com cegueira desenvolver competências a nível motor do ponto de vista global. À medida que a criança desenvolve estas competências, irá também refinando as competências motoras  mais finas.

Ao pensarmos que a escrita e a leitura braille é realizada por intermédio da função instrumental das mãos, rapidamente, associamos a necessidade da criança desenvolver competências de motricidade fina, fulcrais para que desenvolva a “acuidade tátil” necessária à leitura.

O comportamento de leitura Braille destaca, efectivamente, o papel das mãos, mas a sua fluidez funcional e a coordenação dos seus movimentos estão directamente condicionados pela flexibilidade dos ombros, dos braços e dos punhos (Krammer, 2009).

“A criança usa os seus braços antes das suas mãos e as mãos são usadas de forma global antes que ela possa controlar e coordenar o movimento dos dedos”

Vayer Pierre,  1978

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Trabalhar estas competências no dia-a-dia: 

  • Amplitude de movimentos: vestir uma camisola, uma t-shirt, um casaco, um gorro.
  • Afastamento do braço em relação ao corpo: baloiçar, jogos de trepar, transportar diferentes materiais (madeira, pedras), jogo de bolas.
  • Extensão: Agarrar uma bola suspensa em altura ou deixar-se arrastar deitado em cima de um cobertor/toalha, agarrando-se ao mesmo.
  • Variar posições entre Extensão/Relaxamento: brincar ao faz de conta, imitando corporalmente personagens: o soldadinho de chumbo, uma bailarina, ou uma borboleta, um bichinho de conta (que ora se encolhe, ora estica livremente).
  • Tração: o tradicional jogo da corda Um objeto sonoro  colocado no centro de uma lona/licra. Inicialmente, a tela quase toca o chão, as crianças puxam para trás, o objeto deixa de estar em contacto com a superfície, e saltando faz barulho ao cair novamente no tecido.
  • Suspensão: Pendurar-se numa vara e levantar os pés do chão para que os braços suportem o peso do corpo (equipamento parques infantis), brincar ao jogo do carrinho de mão.
  • Mobilizar cotovelo: regar as plantas, levantar a mesa (transportar pratos), estender massa de tarte ou pão com o rolo.
  • Rotação do punho: abrir e fechar torneiras, lavar e secar as mãos, lavar o rosto, descascar fruta, enrolar um novelo de fio.
  • E MUITO MAIS …

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Bom trabalho e muito, muito, MOVIMENTO!

Fonte das ilustrações: Beatrice Alemagna, em Lotta Combinaguai.

Bibliografia:  Kraemer, C. (2009). Approche de la lecture à fleur de peau ou La pré-lecture Braille. Les Doigts qui Rêvent: Talant.

Construir uma base sólida para a literacia

A literacia emergente é um processo que se inicia desde o nascimento da criança, constituindo-se um direito fundamental (Wright,1991).Crianças com cegueira ou défice visual grave desenvolvem a literacia através de diversas experiências significativas.

A criança deve ter oportunidade de:

  • Desenvolver competências motoras globais;
  • Desenvolver competências linguísticas relevantes;
  • Ouvir histórias independentes de imagens e experiências visuais;
  • Explorar o ambiente através do tato;
  • Manusear livros tatilmente interessantes;
  • Divertir-se e aprender através da interação com os livros.
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Fonte:On the Way to Literacy. Early Experiences for Visually Impaired Children, APH for the Blind.

 

Este artigo tem como fonte um artigo do site Paths to Literacy. Ler mais sobre este assunto aqui.

Não perca os próximos post’s, onde desenvolveremos cada um dos tópicos apresentados.

Bom fim-de-semana!

“O Que Vês, O Que Vejo…” na It’s a Book

É tão bom pensarmos que o livro “O que vês, o que vejo…”  percorre tantas mãos, tantas prateleiras e o imaginário de tantos  miúdos e graúdos…

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Página do livro “O que vês, o que vejo…” (texto Inês Marques, ilustrações Madalena Moniz, edição ANIP).

E é com muito orgulho que partilhamos que um dos exemplares deste livro está disponível, para consulta, na  It’s a Book.

Se não teve oportunidade de conhecer o livro, e se encontra pela zona de Lisboa, não deixe de  o consultar neste espaço fantástico. Vale muito a pena a visita a esta livraria e oficina!14581374_218214661928336_7611368813163838674_n

Sobre a It’s a Book: 

Este projecto ambiciona ser um espaço de reflexão sobre o universo do livro infantil, questionando as suas fronteiras e apresentando-se como um lugar de descoberta e aprendizagem. 

A It’s a Book oferece uma selecção criteriosa de livros infantis provenientes de editores nacionais e internacionais. Os livros pertencentes a esta selecção destacam-se pelas suas qualidades conceptuais, artísticas e didáticas. Dando também lugar a editoras independentes e a edições de autor.

In: It’s a Book

“It’s a Book”, obrigada pelo interesse e divulgação deste projeto  🙂

Este livro está a chamar-te (não ouves?)

Na OLEC apaixonamo-nos por livros… e este chamou-nos!

Disse-nos que era ideal para ler com as mãos, com os ouvidos, com o cheiro, com o movimento, enfim com as  sensações… Lembrámo-nos das nossas crianças e quisemos muito que ouvissem, também, esta insistente voz. A mediação da leitura deste livro aconteceu em turmas de jardins-de-infância  onde estão incluídas crianças com cegueira.

Ei…psiu,  “Este livro está a chamar-te (não ouves?)”, de Isabel Minhós Martins e Madalena Matoso (Planeta Tangerina).

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Descrição da fotografia: Capa do livro “Este livro está a chamar-te (não ouves?)

Uma voz chama os leitores com insistência. Parece empenhada em fazer chegar os leitores a qualquer lugar. Mas onde? Para o descobrirmos, teremos de atravessar uma floresta, um rio e uma tempestade e seguir as pistas deixadas pelo caminho.

Com este livro É preciso: digitar, carregar, tamborilar, saltitar, observar, ouvir, cheirar, soprar, caminhar, espreitar, aconchegar.

In: Planeta Tangerina.

Procurámos transpor a riqueza das ilustrações do livro, que são pano de fundo para esta viagem,  para um percurso 3D, que fosse acessível também a crianças que se vêem privadas do sentido da visão.

Eis o percurso…

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A voz… esta insistente e apelativa voz,  chamou as crianças para o livro, despertando um sem número de sensações. 

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Põe aqui uma mão.

E aqui outra. Para contar esta história, vamos precisar dos teus dedos, dos teus olhos, dos teus ouvidos… e quem sabe do teu nariz… 

Preparado? Se sim, tamborila com os teus dedos para imitares o rufar do tambor: a aventura vai começar!

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Afinal, a chuvinha transformou-se numa chuvada!

(com a ponta dos dedos). devagarinho…com mais força…tempestade!

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Um rio…

Molha a ponta dos dedos na água… Está fria, não está?

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Para chegares à margem de lá salta as pedrinhas, uma por uma. 

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A água parece boa, vamos atirar pedras lá para dentro?

Splich…

splach…

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Que sombra repentina é esta?

Um melro…Toca a proteger a minhoca …

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Finalmente!

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Até manhã. 

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Com este livro interactivo, desenvolvemos competências sensoriais através da vivência deste percurso-história, bem como competências motoras globais e finas.

Houve, ainda, oportunidade para  motivar crianças normovisuais e com cegueira para a representação gráfica do conteúdo vivenciado. A partir de livros em branco, cada criança retratou a sua experiência com este livro, através de vários materiais táteis.

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Boas Festas

A equipa da OLEC deseja a todos um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo!

Ahh, e não se esqueçam, entre doces e docinhos, mesa cheia, conversas e gargalhadas, o quentinho da lareira, do chá e dos abraços, arranjem um tempinho para ler um livrinho em voz alta.

Algumas sugestões, com todos os sentidos do natal:

Feliz Natal Lobo Mau (de Clara Cunha; Ilustração de Natalina Cóias, Editora Livros Horizonte);

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A lista de Natal da Zoe (de Chloë Inkpen e Mick Inkpen, Editora Livros Horizonte);

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Sonho de neve (de Eric Carle, Editora Kalandraka);

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O Natal maravilhoso do Bolinha (de Eric Hill, Editorial Presença).

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Boas festas e boas leituras!

 

Livros no Natal

Um livro é sempre uma excelente oferta de natal!  No entanto, nem sempre é fácil encontrar livros acessíveis a crianças com cegueira. Assim, livros que integrem a componente áudio são excelentes opções, por incluírem sonoridades apelativas, a musicalidade da palavra e permitirem  às crianças autonomia no momento da escuta da história.

Já existem alguns livros deste tipo no mercado. Deixamos algumas sugestões:

Cantar Juntos 1 (APAR)

Cantar Juntos 2 (APAR)

O som das Lengalengas (Livros Horizonte)

O som das Palavras (Oficina Canto das Cores)

Hansel e Gretel (OQO Editora)

Canta o Galo Gordo – Poemas e canções para todo o ano (Porto Editora)

Tenho a Lua no Meu Bolso (Recortar Palavras)

Poemas para Bocas Pequenas (BOCA)

35 contos dos irmãos Grimm (BOCA)

Coleção Histórias de Encantar (32 títulos disponíveis) (Editora Zero a Oito, venda exclusiva Pingo Doce)

Colecção Canta-me um conto (6 títulos disponíveis) (Editora Zero a Oito, venda exclusiva Pingo Doce)

Coleção 4 leituras (6 títulos disponíveis) (Editora Cercica)

E vocês, conhecem alguma versão de livro com componente audio? Partilhem, também, as vossas propostas.

Boas leituras e boa escuta!

“O que vês, o que vejo…” é notícia no Público

“O que vês, o que vejo…” é notícia no Jornal Público. Não deixem de ler: “Era uma vez… um livro para as crianças que não vêem”, por Bárbara Duarte Mota.

Ver notícia aqui.

O papel ganha vida e formas. A conversa sai das folhas para as mãos. É assim que o primeiro livro multissensorial consegue dar às crianças com deficiência visual que não saibam ler em braille a oportunidade de conhecer a história que nestas páginas é contada.

Público, 03. Dez. 16

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V Jornadas Deficiência Visual & Intervenção Precoce – Literacia Emergente para a Cegueira

Já alguma vez se questionou de como crianças com cegueira acedem a um livro infantil?

Que estratégias se podem promover para o desenvolvimento da pré-leitura e escrita no caso de crianças cegas?

Estas e outras questões serão discutidas no próximo dia 28 de Outubro de 2016, no âmbito das V Jornadas Deficiência Visual & Intervenção Precoce – Literacia Emergente para a Cegueira.

Para facilitar e enriquecer a discussão teremos a honrosa presença de Philippe Claudet, diretor da editora Les Doigts qui Rêvent, uma editora francesa especializada em álbuns táteis ilustrados.

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Descrição da fotografia: Philippe Claudet, diretor da editora Les Doigts qui Rêvent.

Contamos com a vossa presença.
Inscreva-se já!

 

PREÇO ESPECIAL & RESERVA – Livro “O que vês, o que vejo…”

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Capa do livro “O que vês, o que vejo…”, rosto de uma menina e de um menino, frente a frente.

Está mais próxima a data de lançamento do livro “O que vês, o que vejo…”. Com texto de Inês Marques, ilustração de Madalena Moniz e edição da ANIP (Associação Nacional de Intervenção Precoce), este será o primeiro livro editado em Portugal que aposta em ilustrações táteis, do tipo háptico, um formato que parece mais adequado ao contexto perceptivo de crianças com cegueira.

Dia 28 de Outubro de 2016 é a data do lançamento deste livro, no âmbito das V Jornadas Deficiência Visual e Intervenção Precoce – Literacia Emergente para a Cegueira.

“O que vês, o que vejo…” abre a cortina para uma conversa entre duas crianças, fluindo numa deambulação poética acerca de aspectos significativos de um dia. A fruição da narrativa acontece pela voz de uma e de outra, sendo o leitor convidado a apreciar a beleza oferecida pelas suas percepções, ora diversas ou unificadas pelo âmago da infância. 

Um livro que convida a um diálogo plural sobre percepções, emoções e sensibilidades. 

Um livro que transporta gente e simboliza encontro… pela mão dos afetos, da proximidade e da história de cada um. 

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Descrição da fotografia: Uma das páginas do livro, com ilustração visual e tátil. Menino e menina de braços esticados, espreguiçam-se (os braços são móveis).

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Descrição da fotografia: Uma das páginas do livro, com ilustração tátil e visual. Dois girassóis, que giram.

Curioso(a)? Faça já a sua RESERVA e tenha acesso ao PREÇO ESPECIAL (só até dia 28 de Outubro de 2016, inclusive) . Este livro tem a tiragem de apenas 100 exemplares, por isso não perca a oportunidade!

Informações úteis:

Preço ESPECIAL DE LANÇAMENTO do livro: 25€ até dia 28 de Outubro de 2016 + portes de envio (4,10€)

Após 28 de Outubro de 2016: 35€ + portes de envio (4,10€)

  • E-mail para reserva: formacao@anip.net
  • No e-mail de reserva deve constar: nome, contacto telefónico, morada completa, nif e comprovativo de pagamento
  • Forma de pagamento: Transferência Bancária

IBAN PT50 0033 0000 00236612392 05

  • Os portes de envio são a cargo do comprador: Preço do livro + 4,10€ para Portugal Continental ou Ilhas. Pode, também, optar por fazer o levantamento do livro na ANIP sede (sem qualquer custo adicional).
  • Informações adicionais: formacao@anip.net ou 239 483 288

Agradecemos a divulgação para eventuais interessados!

V Jornadas Deficiência Visual & Intervenção Precoce – Literacia Emergente para a Cegueira

As V Jornadas Deficiência Visual & Intervenção Precoce – Literacia Emergente para a Cegueira, estão cada vez mais próximas!

28 de Outubro de 2016… já marcou na sua agenda? Inscreva-se já e garanta a sua participação.

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Um painel de ilustres oradores, a presença da conceituada editora Les Doigts qui Rêvent, na figura do seu Director Phillipe Claudet, e o lançamento do livro infantil adaptado para a cegueira “O que vês, o que vejo…”, parecem-nos ingredientes mais do que suficientes para fazermos deste evento uma roda de reflexão à volta desta temática, na expectativa de um crescendo das práticas neste domínio.

Programa definitivo muito em breve!

Inscrições para: formacao@anip.net

Contamos consigo!

Atividades táteis – Um país debaixo do mar (continuação)

No último post partilhámos um pouco da mediação da leitura realizada com a história “Um país debaixo do mar” da editora Les Doigts qui Rêvent. Hoje partilhamos convosco as atividades táteis realizadas a partir desta história.

Acreditamos que realizar atividades de discriminação tátil, em contexto bidimensional, com a envolvência de uma história, dá à criança mais motivação para a sua realização. Neste tipo de atividades, que normalmente são mais exigentes e desafiadoras para a criança, a introdução da componente lúdica é essencial.

Nas atividades ilustradas nas fotos, o objectivo era que a criança discriminasse tatilmente o elemento diferente do conjunto e identificasse a característica diferenciadora.

Exemplos: 

  • Peixe papagaio: com lábios grossos ou bico;
  • Tartaruga: com carapaça rígida ou com carapaça mole;
  • Polvo: com sete tentáculos ou oito.
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Descrição da fotografia: Atividade tátil de descobrir as diferenças peixe papagaio. 

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Descrição da fotografia:  Atividade tátil de descobrir as diferenças peixe papagaio.

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Descrição da fotografia: Atividade tátil de discriminação tátil tartaruga. 

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Descrição da fotografia: Atividade de discriminação tátil tartaruga.  

Um país debaixo do mar

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Em pleno Verão, porque não uma viagem ao país debaixo do mar?

Pois bem, foi o que fizemos, transportados por mais um livro da editora Les Doigts qui Rêvent!!

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Descrição da fotografia: Livro “Le pays d’en bas la mer”(editora Les Doigts qui Rêvent).

Um livro que aborda a temática da diferença e da cooperação e nos transporta para o fundo do mar… Deixámo-nos levar e explorámos o que é isto do fundo do mar… O que lá existe?

Com uma piscina a simular o fundo do mar, fizemos as delícias dos mais pequenos e navegámos através desta história.

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Descrição da fotografia: Crianças em roda escutam a história “Um país debaixo do mar”.

As fotografias apresentadas abaixo retratam atividade realizada posteriormente à história, onde as crianças exploravam elementos que pertencem/não pertencem ao mar.

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Não perca no próximo post, sugestões de atividades táteis decorrentes desta história.

Caça ao tesouro

Num dia de sol, uma caça ao tesouro poderá ser uma busca pelos elementos da natureza, numa envolvência  que convida a andar de pé descalços e a rebolar na relva.

Uma proposta para conhecer o que de melhor a natureza nos oferece, num balanço entre a palavra, fantasia e conhecimento do mundo.

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Descrição da fotografia: Duas crianças abraçam em conjunto tronco de árvore. 

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Descrição da fotografia: Criança explora a dimensão e textura de tronco de árvore. 

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Descrição da fotografia: Crianças procuram no chão um dos elementos solicitados na caça ao tesouro. 

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Descrição da fotografia: Criança colhe flor grande. 

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Descrição da fotografia: Criança salta em caixa com areia. 

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Descrição da fotografia: Criança acompanha o roteiro da caça ao tesouro, “lendo” pistas em braille. 

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Descrição da fotografia:  Crianças acompanham o roteiro da caça ao tesouro, “lendo” pistas em braille. 

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Descrição da fotografia: Crianças exploram caixa sensorial para encontrarem elementos solicitados nas pistas da caça ao tesouro (caixa com espuma e bolas viscosas).

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Descrição da fotografia: Crianças em frente a caixa sensorial; na mão têm uma pena vermelha e cor de laranja (caixa com areia).

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Descrição da fotografia: Crianças exploram recipiente com água onde estão imersos animais do mar em miniatura. 

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Descrição da fotografia: Criança coloca elementos no baú do tesouro. 

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Descrição da fotografia: Baú do tesouro com elementos recolhidos durante a atividade.

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Descrição da fotografia: Criança deitada na relva. 

Caros leitores, aventurem-se pela natureza!

 

E a história continua… Com “Catarina e o urso”

No último post, a história “Catarina e o urso” (editora Kalandraka) foi apresentada como mote para diversos jogos sensório-motores. A história permitiu que as crianças encarnassem o papel de urso e fizessem várias posições e movimentos corporais. Houve, ainda, lugar para o jogo do “Rei Manda”, numa versão do “Urso manda… E as Catarinas vão atrás”.

Perspectivando a aprendizagem da leitura e escrita formal, e o risco da criança confundir alguns dos caracteres Braille, torna-se urgente o domínio das noções espaciais. Neste sentido, os jogos sensório-motores vão proporcionar à criança a organização das  noções espaciais e a integração da sua lateralidade (Kraemer, 2009).

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Descrição da fotografia: Criança segura a Catarina e o urso (miniaturas), depois de as ter explorado tatilmente. 

Numa fase posterior, o trabalho em superfície bidimensional deverá ser iniciado. Através de uma caixa de histórias simples (tabuleiro com relvado, miniatura do urso e da Catarina), as crianças foram desafiadas a jogar simbolicamente em superfície bidimensional.

O desafio era apresentado em cartões, que cada criança escolhia aleatoriamente, e onde se podiam ler as indicações para posicionar os personagens no tabuleiro:

  • Coloca a Catarina à direita do urso/à esquerdo do urso/atrás do urso/à frente/debaixo do urso/em cima, etc. 

Na segunda parte da atividade, as crianças tinham de encontrar padrões táteis (composições com a célula braille e texturas), de acordo com um modelo previamente apresentado, desenvolvendo a  discriminação tátil.

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Descrição da fotografia: Tabuleiro com relvado, urso e Catarina (observa-se mão de uma criança que segura a Catarina). 

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Descrição da fotografia: Catarina à direita do urso. 

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Descrição da fotografia: Criança desenvolve jogo de associação de padrões táteis. 

Os nossos “pequenos” leitores estão rendidos. E vocês, leitores graúdos, o que acham?

Motricidade global e promoção do pré-braille: Catarina e o urso

Por vários cantos da região centro, andaram ursos vagarosos à solta … e muitas Catarinas atrás!

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Descrição da fotografia: O urso pequeno e o urso grande, a encenarem na perfeição o seu papel.

O comportamento de leitura do braille destaca o papel das mãos, mas não nos devemos esquecer dos comportamentos a adquirir previamente.  A fluidez funcional das mãos e a coordenação dos seus movimentos estão diretamente condicionados pela flexibilidade dos ombros, dos braços e dos punhos (Kraemer, 2009). As atividades de motricidade global acabam, assim, por funcionar como pré-requisitos essenciais à futura aprendizagem do braille.

A história “A Catarina e o urso” de Christiane Pieper (editora Kalandraka) foi utilizada como recurso lúdico para trabalhar aspetos essenciais neste domínio, incentivando as crianças com quem trabalhamos a experimentarem uma variedade de movimentos e jogos corporais.

Uma verdadeira diversão e descoberta pelo mundo…

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Descrição da fotografia: Criança segue a leitura do adulto, acompanhando o braille no livro. O braille foi integrado no livro original.

 

O urso vagaroso andava pelo mundo sem rumo 

(e Catarina ia atrás)

…às vezes recuando…

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Descrição da fotografia: Crianças dramatizam a história… Recuam.

às vezes avançando… 

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Descrição da fotografia: Crianças dramatizam a história…Avançam.

 outras vezes … rebolando…

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Descrição da fotografia: Crianças dramatizam a história…Rebolam.

Por vários cantos da região centro, andaram ursos vagarosos à solta … e muitas Catarinas atrás! E sabem que mais? Ainda hoje ouvimos o eco do coro das crianças:

“E a Catarina ia atrás!!”

Um recurso multifacetado – Wikki Stix

Hoje apresentamos um material muito versátil e útil – Wikki Stix. 

Os Wikki Stix são um recurso – fios em material maleável, tipo cera – que aderem em quase todas as superfícies lisas com uma leve pressão da ponta dos dedos. Tornam-se, desta forma, uma alternativa viável  para proporcionar um efeito de linha em relevo, servindo a um conjunto muito alargado de possibilidades pedagógicas. 

Veja os nossos exemplos:

  • Contorno de imagens 
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Descrição da fotografia: Contorno com wikki stix do desenho de uma árvore.

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Descrição da fotografia: Ficha de trabalho com formas contornadas com wikki stix. 

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Descrição da fotografia: Contorno com wikki stix de formas geométricas (quadrado e círculo), com pintura do interior das formas.

  • Representações gráficas/desenhos
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Descrição da fotografia: Representação gráfica de uma criança, das escadas de sua casa (representou os degraus e o corrimão).

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Descrição da fotografia: Criança explora figuras construídas com wikki stix, fazendo a discriminação tátil das mesmas. 

  • Pré-matemática e pré-braille (contagens e seguimento de linhas)
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Descrição da fotografia: Criança segue linha horizontal, da esquerda para a direita, com figuras construídas com wikki stix, contando as figuras que encontra (Caracóis). 

  • Jogos do intruso/ reprodução de padrões 
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Descrição da fotografia: Criança desenvolve jogo com recurso aos Wikki Stix. Numa linha horizontal de figuras tem de encontrar o intruso. A componente lúdica é integrada no jogo imaginando que as figuras similares são os elementos da  família da criança e atribuindo novos nomes aos intrusos “Sr. Esticadinho”, “Sr. Buraco”, etc. 

  • Construções livres 
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Descrição da fotografia: Criança mostra a sua pulseira, construída com wikki stix. Esta poderá ser uma estratégia de reforço/ motivação da criança. 

 

Poderá consultar os artigos da Pahs to Literacy sobre este material em: 

http://www.pathstoliteracy.org/resources/wikki-stix

http://www.pathstoliteracy.org/strategies/10-uses-wikki-stix-support-curriculum-access

Estamos rendidas, experimente também!

Ilustrações musicais…

E se o poder da música fosse tão forte que ilustrasse uma narrativa, sem precisarmos de imagens visuais e potenciando a interpretação musical?

Porque não beneficiarmos mais da riqueza conceptual e artística de uma “ilustração musical”? Para crianças com cegueira ou défice visual grave poderá funcionar como uma imersão plena no universo da palavra e da musicalidade.

Fica a sugestão do espectáculo“A Girafa que comia estrelas”, acreditando-se que o mesmo poderá constituir uma experiência rica e adequada ao contexto perceptivo de crianças com cegueira.

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Descrição da ilustração: Spoiler de divulgação do espectáculo “A girafa que comia estrela” (Conto musical para Narrador e Orquestra de Câmara).

Falamos do mais recente espectáculo da Academia Musical dos Amigos das Crianças, “A Girafa que comia estrelas”, com texto original de José Eduardo Agualusa, este espectáculo serve vários objetivos pedagógicos nas suas vertentes literária, musical e artística, e conta com a parceria e apoio da editora Leya.

Hoje estará em concerto no IPO (Ala de Pediatria do Instituto Português de Oncologia).

Esperamos, MUITO,  que este espectáculo entre em digressão pelo país!!

Carolina e Pedro a motivarem para o braille

Hoje divulgamos o trabalho realizado pela Cristiana Soraia Almeida.

Este trabalho surge no âmbito do curso de Gestão do Ambiente. Aliado ao tema da preservação do ambiente, Cristiana Almeida teve a ideia de sensibilizar para o Dia  Mundial do Braille, criando uma boneca a partir da reciclagem de materiais de desperdício. O objectivo era construir um brinquedo a um custo muito reduzido, para ser utilizado por crianças que necessitem de fazer um trabalho de pré-requisitos para o braille.

A célula Braille na barriga da boneca permite fazer a representação das várias letras ou pontos da célula, desenroscando as tampas que não são necessárias. O comportamento motor de desenroscar as tampas, para além de ajudar as crianças a perceber a composição da célula braille, desenvolve a sua motricidade fina.

Basta:

  • uma boneca antiga que permita abertura na área da barriga;
  • uma embalagem de amaciador ou detergente rectangular;
  • 6 gargalos de garrafas com respectivas tampas (estes vão ser posicionados na embalagem de detergente, com um corte feito à medida.

Atreva-se 🙂

Obrigada Cristina por esta excelente partilha!

Braille Bricks – Nova ferramenta de alfabetização

 

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Descrição da fotografia: Jogo braille bricks. Caixa amarela, com os pontos ampliados 1,2,3, 4. A negro e a braille pode ler-se:”Braille Bricks”. No interior da caixa e do lado direito, peças coloridas do jogo, com várias combinações da célula braille.

Inspirado no design das peças lego, este brinquedo, transforma-se numa ferramenta de alfabetização e inclusão de crianças com cegueira.

Para saber mais sobre este projeto, consulte o site oficial: http://www.braillebricks.com.br/

Árvore com gosto…

A árvore de gomas (The gumdrop Tree, texto de Elizabeth Spurr; adaptação das ilustrações táteis de  Tom Poppe & Suzette Wright, edição da APH) prometia ser uma história com gostinho muito doce 🙂

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Descrição da fotografia: Livro original “The Gumdrop Tree”, texto de Elizabeth Spurr e ilustração de Julia Gorton. Pode ver-se menina a regar.

 

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Descrição da fotografia: Livro “The gumdrop Tree”,texto de Elizabeth Spurr; adaptação das ilustrações táteis de  Tom Poppe & Suzette Wright, edição da APH.

Ter uma árvore de gomas é o sonho de muitas crianças, um sonho tornado realidade num contexto de pré-escolar da zona centro de Portugal.

A história “A árvore de gomas” foi contada pela educadora das crianças, conquistando todo o envolvimento das mesmas, não fosse a temática significativa para a maioria. Explorámos o cheiro das gomas (esfregando os autocolantes com aroma)… Humm, que bom!! E imaginámos o doce de cada sabor.

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Depois fizemos uma roda. E se plantássemos uma árvore de gomas? Como na história? Observámos, regámos, esperámos, desejámos com muita força que a árvore crescesse…E não é que ela foi crescendo? Observámos o crescimento da árvore, passo a passo (foi criado um mecanismo de árvore evolutivo, que ajudava as crianças a perceber os passos do crescimento).

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Descrição da fotografia: Crianças em roda, observam o rebento da árvore de gomas. Eva explora-o tactilmente. 

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Descrição da fotografia: Criança rega árvore de gomas. Já mais alta… 

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Descrição da fotografia: A árvore de gomas, já com gomas de vários sabores. Pode ver-se criança a colher uma goma de morango. 

No fim, todos podemos colher e saborear uma goma desta árvore mágica e original. Uma experiência completa e multisensorial.

E vocês, gostaram deste sabor?

Todos no sofá?

O fim-de-semana está a convidar todos para o sofá

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Descritivo da fotografia: Livro original “Todos no sofá”. Miniatura de sofá com os animais e personagem da história (João Preguição, vaca, elefante, porco, girafa, burro, pato, gato, coelho, rato).

E porque não aconchegados com esta história?  Com texto de Luísa Ducla Soares e ilustrações de João Leitão, este livro é composto por quadras rimadas e envolve uma sequência numérica. Uma hilariante história que convida todos para o sofá.

A adaptação da OLEC constou na mediação da leitura com recurso a miniaturas dos elementos da história (um sofá, os animais e, claro, o João Preguição). Uma abordagem conhecida por caixa de histórias.

Os objetos de referência permitem a construção da informação da história, com base na experiência tátil da criança. Os mesmos permitem inúmeras manipulações, para além de possibilitarem à criança realizar jogo simbólico.

Um sofá inteirinho de vantagens… Por isso, mãos à obra!!

E meninos e meninas não se esqueçam que o melhor sofá é o colinho dos papás.

Bom fim-de-semana!

Adaptação do livro “Ainda nada?”

O nascimento de uma sementinha é a metáfora perfeita para o trabalho que realizamos na OLEC. O livro “Ainda nada?”, de Christian Voltz, surgiu, assim, como ideal para o atelier para pais, divulgado no post passado.

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Descrição da fotografia: Capa do livro “Ainda nada”, da editora Kalandraka (original).

 Eis o resultado desta mais recente adaptação:

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Descrição da fotografia: À esquerda, adaptação da capa do livro “Ainda nada?” (possuí título a negro e a braille e ilustração visual e tátil; a criança pode destacar saco com sementes). À direita capa original do livro.

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Descrição da fotografia: Livro adaptado. Pode ver-se a terra (página esquerda) e o buraco (página direita). No buraco, existe velcro onde a criança pode colocar a semente, simulando o cair da semente. A pá, ao cimo da terra, é também destacável, permitindo à criança manipulações.

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Descrição da fotografia: Na página direita, o regador, ao cimo da terra. Permite que a criança o movimente na direcção da terra, como estando a regar. 

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Descrição da fotografia: Página direita do livro, onde a criança pode abrir uma janela para percepcionar o crescimento da semente (ainda sem rebento).

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Descrição da fotografia: Página direita do livro, onde a criança pode abrir uma janela para percepcionar o crescimento da semente (já com rebento).

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Descrição da fotografia: Representação da noite, construída com tecido preto brilhante. Na página direita está presente a lua, como figura representativa da noite.

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Descrição da fotografia: Na página direita está presente cabeça de um pássaro (este pássaro tem um mecanismo que permite à criança abrir e fechar o bico). A flor, fruto da sementinha, é destacável e a criança pode colocá-la no bico do pássaro, que na história a leva.

 

Procurámos ser fiéis ao original, tendo mantido a organização texto-imagem. As ilustrações foram simplificadas e procuram o essencial da história. A criança poderá explorar os elementos usados para a sementeira (a semente, a pá e o regador). Comum a todas as páginas, a terra, realizada com papel amarrotado de sacos  (para dar a textura seca da terra). A criança acompanha o crescimento da semente, abrindo uma janela, que lhe permite sentir o crescendo da sementinha.

A adaptação deste livro foi, realmente, a concretização da metáfora da descoberta da paciência e da virtude da perseverança. Esperamos que gostem.